A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para alunos sabatistas – que devem guardar o sábado por motivos religiosos – vai começar às 19h deste sábado (3). Porém, eles entraram no local de prova junto com os demais alunos, às 13h.
Por seis horas, mais de 85 mil candidatos nesta condição ficaram confinados antes de realizar o exame em todo o país.
“No ano passado achei muito bom. Conheci muita gente. É um clima diferente, relaxante, de amizade. Quando você faz a prova no horário normal, sabe que em sua volta tem vários concorrentes e todos estão disputando com você para conseguir alguma coisa. Agora quando ficamos confinados, percebemos que aquelas pessoas são amigas porque elas têm a mesma fé que você, os mesmos objetivos e você acaba criando amizade. É divertido”, revela a jovem sabatista Karolyn Soledad Saavedra Correia, de 18 anos, que pretende fazer vestibular para museologia.
Colega dela, Danilo de Souza Oliveira, de 18 anos, pretende prestar vestibular para análise de sistemas. Para ele, fazer a prova mais tarde que os demais candidatos não significa prejuízo: “É bom para relaxar. Não fica aquela tensão de chegar e já ter de fazer a prova”.
Os sabatistas levam lanche para a sala, pois só podem sair para ir ao banheiro ou beber água. Durante as seis horas, eles aproveitam para se conhecer e trocar experiências de vida. “Tira a tensão da prova, ainda mais para quem é muito nervoso”, acredita Danilo.
O pastor e professor de religião dos adolescentes, Adriano da Silva Resende, também acredita que o confinamento ajuda os candidatos sabatistas a manterem a tranquilidade para a hora da prova. O confinamento, segundo ele, é uma demonstração pública da fé que eles professam.
“No sábado de prova eles se reúnem em comunidade, esperam juntos a hora do pôr do sol para fazer o exame e muitos vão com a mente tranquila e em paz porque estão colocando em primeiro lugar a fé que têm. Nós acreditamos que tudo provem de Deus, inclusive nossa inteligência e capacidade intelectual. Essa demonstração pública é também uma demonstração de que acima de tudo existe um Deus que orienta a vida deles”, acredita o pastor.
E se ficar seis horas fechado em uma sala soa como um grande sacrifício, a vestibulanda esclarece. “Para quem acha que ficar confinado durante o sábado é um pesar, algo ruim, a dica é que não é. É algo muito agradável. É uma experiência que vale a pena, porque você está lá por causa dos seus princípios, foi uma escolha”, diz Karolyn.
Fonte: G1
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