Chuvas intensas podem agravar a probabilidade de deslizamento associado à Braskem em Maceió.

Enquanto as atenções se concentram no solo de Maceió, Humberto Barbosa, professor e coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas (LAPIS/UFAL), observa o céu com apreensão. O alerta de afundamento da mina 18 da Braskem, no bairro do Mutange, desencadeou sua vigilância nas imagens que ajudam a antecipar mudanças meteorológicas, especialmente diante das chuvas intensas típicas desta época na região. Barbosa e sua equipe avaliam diversos cenários, destacando a preocupação com a possibilidade de deslizamentos de solo caso ocorram 200 milímetros de chuva em 10 horas, representando aproximadamente 12% do total anual na região. Chuvas persistentes ao longo de três dias intensos também são consideradas como fator de risco. O pesquisador enfatiza que, embora chuvas moderadas e fortes possam não causar o colapso imediato da mina, podem desencadear uma reação em cadeia, dadas as condições já degradadas do solo.
O período atual, marcado pela incidência de Vórtices Ciclônicos, amplia a complexidade da situação. Barbosa destaca que o aumento das precipitações, potencializado pelo fenômeno El Niño, pode agravar os riscos. Ele ressalta a falta de estrutura de escoamento em Maceió, resultado de anos de intervenção humana, incluindo a exploração da Braskem, perfuração de poços e crescimento urbano desordenado, tornando o solo mais suscetível a deslizamentos. Apesar dos alertas, Barbosa lamenta a ausência de divulgação eficaz dos riscos pela autoridade pública. A Defesa Civil de Maceió e a Braskem não responderam às perguntas sobre medidas de proteção para os bairros afetados pela mina diante de possíveis chuvas intensas. O colapso iminente da mina 18, com um afundamento contínuo desde novembro, agravou a situação. O maior desastre ambiental urbano do país, causado pela exploração de sal-gema da Braskem, afetou mais de 20% do território de Maceió, forçando a evacuação de mais de 60 mil pessoas. O histórico de operações da Braskem na cidade desde a década de 1970 resultou na suspensão em 2019 devido aos tremores, que levaram à rachadura de ruas e imóveis, afetando mais de 14 mil propriedades. A Associação dos Empreendedores e Vítimas da Mineração em Maceió apresentou queixa-crime contra a Braskem, mas o Ministério Público Federal rejeitou a denúncia.

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