Há 10 anos, estudos alertam sobre o risco em Maceió.

Os abalos sísmicos e a iminente ameaça de colapso que levaram Maceió a decretar estado de emergência estão diretamente relacionados à atividade de extração de sal-gema, empregado na produção de soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), realizada a mais de 1 km de profundidade. A extração foi interrompida pela Braskem há cinco anos, mas mesmo assim, os movimentos do solo persistiram. Desde 2010, especialistas vêm alertando sobre os riscos na região. No último dia 1º, a Defesa Civil de Maceió emitiu comunicado acerca do iminente perigo de colapso em uma mina da petroquímica, gerando alerta máximo por parte da prefeitura, do governo de Alagoas e do Serviço Geológico do Brasil. De acordo com informações divulgadas às 9h56 do dia anterior, o deslocamento vertical acumulado na mina é de 1,42 metro, com uma velocidade vertical de 2,6 centímetros por hora. Década de Advertências Há mais de uma década, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) já indicavam os riscos de afundamentos em Maceió. Um estudo publicado em 2010 na revista científica Geophysical Journal International evidenciou que a exploração do sal-gema pela Braskem estava elevando o lençol freático na região, aumentando a pressão e, consequentemente, propiciando o afundamento do solo. Em 2011, outro estudo na revista Engineering Geology corroborou essas conclusões, estimando que o afundamento poderia atingir até 1,5 m em algumas áreas da cidade. Sismos e Necessidade de Monitoramento Quanto aos sismos recentes, a geóloga Regla Toujaguez da Ufal explica que são esperados devido à remoção do sal, resultando em cavidades preenchidas com fluido. Embora a mineração tenha cessado, a necessidade de manutenção do sistema e monitoramento diário persiste. O professor Francisco Dourado, da Universidade do Estado do Rio (Uerj), enfatiza que colapsos ocorrem quando há perda da autossustentação de uma estrutura, sendo comuns em minerações e construções de túneis. Ele menciona o exemplo da escavação para a Linha-4 do metrô do Rio, que causou problemas em edificações na Gávea. Risco Iminente e Medidas Adotadas A Defesa Civil, baseando-se em dados contínuos, incluindo análises sísmicas, alerta para o iminente risco de colapso, enquanto a Braskem afirma estar adotando medidas para minimizar impactos. A mina 18, epicentro do problema, localiza-se em Mutange, apresentando aumento significativo na movimentação do solo, indicando a possibilidade de surgimento de uma cratera na região afetada. O histórico de eventos catastróficos remonta a 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em diversas áreas, forçando a evacuação de mais de 55 mil pessoas. Atualmente, decisões judiciais determinam a remoção de famílias de áreas de risco. O governador de Alagoas buscará apoio do governo federal, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destaca a atuação do Ibama no acompanhamento da situação.

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